Sutilmente. Dessa forma, nascem os pontos realmente importantes a manchar a linha da nossa vida, os que recordaremos, assistiremos em nossa retrospectiva final. Tanto tentamos impor dinamicidade aos nossos dias, tão violentamente tentamos fazê-los especiais, de maneiras quaisquer, que não notamos as infinitas possibilidades singulares que nos rodeiam, nos espreitam. São folhas de outono, caindo lentamente, quando estamos à sombra de sua árvore. Basta o esforço de estender a mão. Não o fazemos, muitas vezes, pelo conformista conforto que a ausência de luz traz. Dormentes, dormimos, adentrando no real sonho ruim da rotina. Apenas não feche os olhos, por favor.
Um segundo. É o tempo que basta para que nos seja removido o véu, inesperadamente. Constante véu, limitando-nos a ver pessoas como uma massa cinzenta e uniforme, com mínimas particularidades convencionais. De repente, no espaço de um curto momento, em sua frente, a mais colorida das pessoas. Não é preciso muito mais do que um sorriso, um gesto inesperado, uma expressão ingênua, para que as peças se encaixem. Peças, sim, do quebra-cabeças de apenas duas, que somos. Apenas um segundo.
Esforçar-se muito para viver os momentos especiais que serão recordados é vestir sua vida de qualquer tipo de plástico reluzente. Bonito, sim, mas somente para seus olhos. Abra os olhos, preste atenção, estenda as mãos. E queira. Sem perceber, recordar será viver, já.
Tuesday, August 29, 2006
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
4 comments:
o.o
Sempre falo dos espelhos, espelhos, ver a si próprio. E hoje, eis que me vejo num espelho alheio... tanta coisa que uso como tema recorrente em minha sonata do mundo!
Parabéns pelo blog, pelos textos. =)
Li as primeiras linhas e vi um estilo de escrever legal.
Vou linkar o seu blog no meu!
18:18.
a mais colorida das pessoas ao meu redor. o resto cinza, e de uma insustentável leveza. você: cor e peso.
sempre do meu lado.
eu te amo demais, meu amor.
você é bem mais do que eu mereço!
Post a Comment